Maria dos Aflitos Silva, mãe e avó das cinco pessoas que morreram após comerem arroz envenenado no dia 1º de janeiro, em Parnaíba, no litoral do Piauí, confessou à polícia que matou a vizinha, Maria Jocilene da Silva, para tentar livrar o marido das acusações de ter matado a família e livrá-lo da cadeia. Francisco de Assis está preso desde o dia 8 de janeiro suspeito do crime. Maria dos Aflitos foi presa temporariamente no último dia 31 suspeita de ser cúmplice de Francisco.
A vítima mais recente dos envenenamentos foi Maria Jocilene, vizinha da família. Ela havia sido internada em 1º de janeiro, data em que as demais vítimas foram envenenadas, mas recebeu alta. 20 dias depois, ela foi hospitalizada novamente após visitar a família, e morreu dias depois. Uma perícia do Instituto Médico Legal (IML) constatou que ela também foi vítima de envenenamento.
Maria dos Aflitos é mãe Francisca Maria e Manoel Leandro e avó de Gabriela, Lauane e Igno Davi, todos mortos após terem sido envenenados no almoço do dia 1 de janeiro de 2025. Ela também é avó de Miguel e Ulisses, mortos também por envenenamento, em 2024. O suspeito por todos esses casos é o marido dela, Francisco de Assis. Veja abaixo a lista completa de vítimas.
Em 20 de janeiro, mais uma pessoa foi envenenada: a vizinha Maria Jocilene, sentiu os sintomas durante uma visita à casa da família, e morreu dias depois.
Em depoimento à Polícia Civil, Maria dos Aflitos confessou que pôs veneno no café da vizinha para tentar incriminá-la pelos envenenamentos, e assim fazer com que a polícia soltasse Francisco de Assis.
Maria Jocilene da Silva - Morre mulher vítima de arroz envenenado que voltou a ser hospitalizada — Foto: Reprodução
Assim, para Maria dos Aflitos, Francisco seria solto da mesma forma que a mulher que foi acusada de matar os dois netos dela em 2024: depois que os novos casos de envenenamentos surgiram, e mais perícias foram feitas, ela foi liberada.
"[Esperava] Que vocês soltavam ele. Que ele ia ser solto. Então, eu fiz mesmo. mas eu me arrependo. me arrependo amargamente", disse ela em depoimento.
Segundo a Polícia Civil, Maria dos Aflitos e Maria Jocilene tiveram um relacionamento amoroso "discreto" no passado. Maria Jocilene era ex-nora de Maria dos Aflitos e uma vizinha muito próxima da família.
O delegado Abimael Silva, responsável pelo caso, explicou que a intenção da Maria era simular que Jocilene teria cometido suicídio, e assim adquirisse a culpa por todos os outros envenenamentos.
Casa onde morava a família que foi envenenada em Parnaíba, no Piauí — Foto: TV Clube
Maria dos Aflitos tinha 10 filhos. Seis deles moravam na casa, que tinha quatro cômodos. Uma dessas filhas era Francisca Maria, que tinha 5 filhos que também moravam na casa.
Em seu próprio depoimento, Francisco de Assis declarou que não falava com os filhos e netos da esposa, e que tinha sentimentos de raiva e nojo por eles, em especial por Francisca Maria. Para a Polícia, o casal tinha vontade de se livrar de todas as pessoas da família, para viverem sozinhos. Eles estavam juntos há 5 anos.
"Eu tava tão cega, cega, que não via o que ele fazia com os meus meninos. Via e fazia que não via. Tão cega de amor por ele", disse Maria dos Aflitos no depoimento.
Ulisses Gabriel e João Miguel, mais novos na foto, foram envenenados com cajus — Foto: Arquivo pessoal
O depoimento de Maria dos Aflitos também contribuiu com a investigação das mortes de Miguel e Ulisses, os dois netos dela que morreram envenenados em 2024. Segundo a Polícia, Francisco de Assis é suspeito de ter envenenado um soco em pó de uva e dado aos garotos.
Durante o atendimento, ele e Maria dos Aflitos teriam afirmado às assistentes sociais que os atenderam que os meninos teriam comido cajus que foram dados pela vizinha.
A vizinha, Lucélia Maria da Conceição, teve sua casa destruída e incendiada. Ela foi presa por cinco meses, e foi liberada depois que os novos casos de envenenamento aconteceram e motivaram a produção de um laudo pericial que descartou que os cajus tivessem recebido veneno.
Em depoimento, Maria dos Aflitos disse que o marido já pensava em usar o veneno. Em determinado momento do depoimento, o delegado Abimael Silva pergunta: "Você acha que ele usou a história do caju pra aproveitar a oportunidade?" E Maria responde: "Eu acho. Foi isso que aconteceu. Já tava no gatilho mesmo. Ele aproveitou".
Da esq. para a dir.: Francisca Maria (mãe), Lauane Silva (filha), Igno Davi (filho), Manoel Leandro (irmão) e Maria Gabriela (filha) — Foto: Arquivo pessoal/Montagem g1
As duas primeiras vítimas, envenenados em agosto de 2024, foram dois meninos, filhos de Francisca Maria:
No dia 1º de janeiro de 2025, nove pessoas foram envenenadas ao comer baião de dois. Cinco delas morreram:
20 dias depois, aconteceu o último envenenamento, da vizinha da família. Ela havia sido hospitalizada no caso de 1º de janeiro mas recebeu alta:
Fonte: G1
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